quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cairns

Estou em Cairns, a principal cidade do norte do estado de Queensland e a última parada da viagem pela costa. Cairns está a apenas meia hora de ônibus de Mission Beach, a praia aonde saltei de pára-quedas. A cidade é bastante urbanizada e não tem praia de areia, embora tenha os pés a beira-mar. Cairns é principalmente conhecida como ponto de partida pra Grande Barreira de Corais, mas também oferece outras opções de lazer em terra firme que são show de bola. Uma das atrações que parte da cidade e que infelizmente pouca gente fica sabendo é o Tjapukai Cultural Centre, um centro de cultura aborígine localizado na pequena cidade de Kuranda que realiza apresentações de dança típica para grupos de turista.

Meu itinerário em Cairns foi mais ou menos assim: cheguei na cidade no dia 15 e logo na próxima manhã embarquei em uma excursão de dois dias para Cape Tribulation (postagem anterior). Lá fiz passeios na floresta e mais um mergulho na Grande Barreira (mergulho de snorkel, porque não quis pagar nem dinheiro e nem mico tentando respirar com cilindro de oxigênio outra vez). De volta em Cairns, passei um dia de molho no albergue organizando a mochila, lavando roupa, cortando unha na maior vagareza. À noite fiz o tal do passeio no centro aborígine que comentei. Nota dez! Foi uma das mais bem pagas atrações na Austrália e inclusive está na lista dos pontos altos de toda a minha viagem.

Um ônibus da companhia me pegou às 18h40 no albergue, depois de eu ser acordada de um profundo cochilo vespertino por um funcionário batendo na porta do quarto. Me vestí em dois minutos e entrei no ônibus com a cara amassada e assustada. Logo acordei e em dez minutos eu e mais toda a tropa do ônibus descemos no local. Já na chegada percebí o preparo da estrutura pra receber os visitantes: tochas, drink de boas-vindas, aborígines pintando o seu rosto. A esse ponto eu já estava no clima tribal, de cara amassada, assustada e agora pintada, super ansiosa pra saber o que iria acontecer.

As apresentações foram divididas em três partes. A primeira, dentro de uma sala grande e escura, com fumaça e efeitos de luz, um grupo de homens aborígines contaram uma breve história sobre sua cultura em forma de teatro. Em seguida, nós os turistas fomos guiados pra um ambiente externo ao som de didgeredoo (instrumento musical aborígine) enquanto tocávamos um outro tipo de instrumento no mesmo ritmo. Em círculo ao redor de uma espécie de altar debaixo das estrelas, os aborígines nos ensinaram um pouco de sua língua, música e dança e fizeram fogo da forma primitiva que conhecemos. Me sentí praticamente integrante da tribo!

Por último e tão emocionante quanto às duas primeiras partes foi o jantar e a apresentação de dança no palco do restaurante. Voltamos pro ambiente interno e logo achei a minha mesa solitária com uma cadeira entre as mesas compridas dos grupos grandes. Sentei-me feliz e com fome na minha mesinha e comí a minha melhor refeição desde que saí de casa em junho. Passados a sopa, salada, prato quente e sobremesa, os aborígines fizeram uma apresentação de dança típica por cerca de meia hora. No final da noite, voluntários foram chamados pra participar da bagunça e eu, cidona, fui parar no palco. Dancei com os aborígines e ajudei a acender fogo. Pensa que engraçado! Pela minha participação ganhei um bumerangue autografado pelos artistas da tribo. Foi uma noite muito marcante!

Aborígines – Os aborígines são a população nativa da Austrália, os índios australianos. Eles foram os primeiros a habitar o continente há cerca de 50 mil anos atrás. Quando os colonizadores ingleses chegaram no país em torno de 1770 existiam mais de 300 mil aborígines. Hoje, após serem massacrados e expulsos das terras produtivas pelo homem branco, eles beiram a extinção e representam apenas 1% da população australiana, cerca de 200 mil. Triste!